domingo, 14 de fevereiro de 2010

A Era Vitoriana

Em meio a tantos filmes lançados no final de 2009 e início deste ano, um em especial chamou minha atenção: "Sherlock Holmes" (interpretado por Robert Downey Jr. e dirigido por Guy Ritchie). Além de fugir do velho figurino tradicional e torná-lo mais excêntrico ainda, o filme impressiona por apresentar de maneira fiel a Londres do final do século XIX, em plena Era Vitoriana, com suas ruas escuras e as áreas mais desfavorecidas da grande metrópole em contraste com o luxo dos Lordes no Parlamento e suas diversas outras peculiaridades.
Este período, que se inicia em 1837 com a coroação da rainha Vitória e tem o seu fim em 1901 com a morte da soberana foi marcada como a era de ouro da Grã-Bretanha. Nela, o império estendeu seus domínios mais do que qualquer outro conteporâneo, chegando a receber a alcunha de "o império onde o sol nunca se põe", uma alusão às suas possessões, que se estendiam por quase todos os continentes (sendo um dos maiores líderes durante a expansão imperialista).
Também houveram grandes mudanças no quadro político e social, caminhando severamente para uma posição mais liberal. A população cresceu desenfreadamente (fator que levou muitos a abandonar a velha Inglaterra e escolher uma de suas colônias como novo lar ou na esperança de melhorar de condição financeira), além de conquistar rivalidade com outras potências da época, como a recém unificada Alemanha e o Império Russo (o qual o Império Britânico travou e venceu a Guerra da Criméia). Neste mesmo contexto, o Reino Unido conseguiu a tão desejada hegemonia marítima e travou guerras que asseguraram seu poder entre os povos submetidos à Coroa, como o Grande Motim, ou Revolta dos Sipaios na Índia e as Guerras do Ópio, que acabaram com a humilhação do Império Celestial e desordem política e social.
No cenário economico, a Inglaterra consolidou sua revolução industrial e foi vorás durante a busca por mercados e novas colônias (era preciso compensar de algum modo a perca das 13 Colônias Americanas). Assim, tornou a Índia a jóia mais importante da Coroa e manteve relações comerciais abusivas com a China, além da exploração de diversas outras partes do mundo, como a conquista do Egito e consequentemente do Canal de Suez, fazendo o tesouro britânico crescer de modo espetacular.
No sentido cultural, a Inglaterra foi extremamente contemplada com trabalhos literários de autores como Sir Arthur Connan Doyle (o pai de Sherlock Holmes), Oscar Wilde e Lewis Carroll (Alice no País das Maravilhas). Abrigou a primeira Exposição Mundial, em 1951 no majestoso Palácio de Cristal e recebeu os trabalhos que revolucionariam a história da evolução, produzidos por Charles Darwin.
A partir da década de 1870, o Império foi abatido por graves crises econômicas e no abastecimento de alimentos, o que iniciou a fase de declínio e final da Era de Ouro. No final do século XIX, seu prestígio já não era mais o mesmo, e vinha recebendo pesadas críticas por sua postura perante a Guerra dos Bôeres. Em 1901, vinha a falecer Vitória, levando consigo uma era de glórias e conquistas, deixando para seus súditos, apenas a saudade dos bons tempos.
Obra consultada: revista História Viva, Grandes Temas - O Leão Britânico (Edição Especial Temática nº 16)